sexta-feira, 23 de setembro de 2011

por causa de você

As flores que não vivem, desenfeitam a janela. A cor amarela em contraste com a poeira e o pó do que algum dia. Foi ele ir embora que tudo ficou assim. Foi ele sair que tudo desandou, na casa que era nossa, no meu corpo que era dele, nas horas que eram constantes.
    O costume que se fez nesse corpo e nessa casa. Do cotidiano do beijo de café e da mão escorregando por minha pele e pelos e o café acostumado a ferver. Até o relógio.
    Não que as estrelas do céu, mas da janela de flores desenfeitadas há uma desorganização dos corpos brilhantes. Não que as estrelas do céu, porque o mundo não era acostumado a você e sim eu, que sabia de tua cor quando te espreguiçavas. Eu aqui a lamentar às paredes. Só quando tu passar pela frente dessa ainda nossa casa é que as flores desenfeitantes te contarão.
    Não lavei o lençol para ainda ter teu cheiro.
    E quando as flores desenfeitáveis te fizerem entrar de novo em nossa casa: invada-a, meu bem. Tranque as saídas, as entradas, as feridas. Que nenhum mundo mal te levará outra vez. Abraçar-te-ei simplesmente, beijar-te-ei simplesmente. Sem palavras do passado, sem lágrimas pelos olhos. Como se o mundo não tivesse amanhecido ou anoitecido. Como se não houvesse o que foi tristeza – adentre-me.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

desse espaço em branco

O que escrevo quase não vivo, poucas linhas são de respirar. Pouco tenho do que é amor, pouco escrevo do que é amor, ou se tive amor padece o escrever pela falta. Como Tom Jobim um dia disse “que viver sem tem amor não é viver”, declina o coração amargo e doce que hora guardado não sabe no que crê. Passeia os olhos por dentro à procura. Busca armado de tantas naus como mar que não é dentro. Puras vísceras anatômicas sem poesia, qual mar deveria ser todo o sangue, todos os músculos, tecidos e ligamentos. Puras vísceras fisiológicas.