Sem aquele destino certo que o tempo parecia ter lhe prometido, ou o próprio que ela mesma se prometera, ela descansa-se na beira do caminho. A poeira toma (de) conta só do vento se passear. No cesto ali jogado, leva as roupas, uns livros, os retratos salvos, o que há de se comer, o que há de se viver e chorar.
Ela descansa o corpo e os olhos da poeira. Solta os pés da obrigação de sustentar sua carne magra e a cesto que carrega os seus. A rudia desfeita enxuga o suor. Não sei se ela se recupera do cansaço de viver ou de andar – ou se isso mesmo se faz diferente.
Vivê-la é um bocado grande.
O vestido encarnado é a quebra do tom pastel disso. Vê-se de longe o colorido unicolor. Qualquer olho vibra ao perceber. Ela se limpa da poeira que lhe pousa, sacode a cabeça e os cabelos desgastados postos entre a liberdade e a prisão. Levanta os olhos e avista o sol – à vista – que lhe queima.
É hora de ir simbora. Que o mundo é bem o momento onde seus pés estão. Que todo amor é apenas o que seus olhos verão.