terça-feira, 24 de julho de 2012

meio-ano-meio

Num meio-tempo
da andança
de todo essa e nossa vida

– ano por meio
de todo pronto amor.
para Gu

sexta-feira, 13 de julho de 2012

nua

Ela fecha as janela e às vezes as cortinas dos olhos também. Inalterada por alguns segundos. Guarda aquela dor lá dentro que por pouco não se confunde com gastrite. Deita-se sobre o cansaço do dia e vai despindo o que não é: a perfeição do escritório, o despudor do banheiro (quando a língua daquela moça a penetra), o bom dia aos vizinhos, a ideologia comprada, e há coisas tantas. Ela dorme despida até da carne branca.
O suspiro que prolonga em bocejo.
Mas não há retrato possível que se possa fazer dela quando ninguém a observa. Mesmo quando não há os olhos – aqueles – alheios, há os próprios-seus que a avistam dentro do mundo fora de si. E ela é tão alguém que é muito pequeno para ser ninguém. Apenas eu, que existo só nessas linhas de contorno, poderia desenhá-la o que se é ela quando não há ninguém: (quando o sono lhe acomete). Mas é tão lindo vê-la dormir que fico a avistá-la sem nem outra vontade. Não se quebra o silêncio de um coração.

para a corrente literária “Quem é Você Quando 
Ninguém está Olhando?”