sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ladainha de sol

Há quanto tempo, meu senhor, não chove aqui.
Inda mais tempo que não relampeia.
E pouco tempo que perdi as esperanças
de ver um céu acinzentado.


Mais da metade por aqui esqueceu a reza.
O terço abandonado na cabeceira.
O olhar tão rachado quanto o chão.
O sol quente de sertão.
A vista que anuveia.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

se dá um passo...

Algo se perde porque sai de mim. Seu eu vejo uma escuridão, alguém vê um escuro, uma sombra, um eclipse. Mas ninguém vê a escuridão que sinto. Ninguém verá a mesma farpa e agonia que dou aquela mulher, ou a tristeza que decorre nas linhas ou a música que toca ao fundo.
O que eu digo não é o que alguém escuta ou lê. O que eu digo acaba na minha boca como restos entre meus dentes. Eu sou. E eu sou o que os outros veem.