Em um cômodo quase cinza com uma janela que traduz o estado do mundo, os pingos desenhando seus destinos no vidro.
Dá
pra sentir o cheiro da chuva de longe. Aquele cheio de terra molhada.
Aquele cheiro de pé enlameado, de sol se escondendo, de vontade de ficar
agasalhado. Aquele cheiro de frio.
O mundo parece ficar mais contido, mais necessitado de ser. E as cores densas.
Eu,
então, sinto um desejo de me recolher. Ficar assim, com olhos calmos,
com tudo que se mais quer – várias coisinhas pequenas que parecem ter
mais gosto quando há chuva. Tudo que poderia levar numa mochila ou que
me coubesse na mão: tudo que meu coração pensasse instantaneamente.
Acordar
as horas que em tempo assim – fechado – parecem mortas. Elas se molham e
ficam pesadas de se correr. Ativar o sangue que engrossa e espreguiça.
Lento: o coração bombeia. Lento: o coração ama. Não que por ser lento,
seja menos. Na chuva meu coração ama lento. E ama mais.
Destróy! ótimo post!
ResponderExcluirMuito bom , meu querido. Também tenho ótimas sensações quando há chuva. Fiz um post parecido : "Na chuva"...Abraço!
ResponderExcluirGosto muito da sua forma de escrever e expressar as valiosas coisas do seu íntimo cotidiano.
ResponderExcluirParabéns pelo sensível e apurado talento.
Texto lindo.
ResponderExcluir"Na chuva meu coração ama lento. Ama mais."
:)
é bruno... esse post tá realmente sensacional. é bonito, é de verdade. claro que cada um vive as coisas de um jeito, mas saber escrevê-las, mais que descrever apenas não é pra todo mundo.
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