sábado, 3 de julho de 2010

Sou apenas

Por acaso percebi que ando mais seco e cru com algumas coisas. Pensei que agora o mundo estaria me desvendando, e assim eu estaria me transformando. Mas não. Se isso acontecesse eu não seria mais nenhum pouco do que ainda sou hoje.
Não me preocuparia com olhares, não teria medo de magoar, não perdoaria tão fácil, nem amaria tão intensamente e simplesmente.
Há uma frase de Clarice: “Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?” E assim me pergunto se esse meu estar seco/cru sou eu crescendo humano. Se sou eu me tornando tão igual como os outros.
E eu que não sei: apenas calo.
E se isso realmente for ser humano, eu não quero. Quero continuar sem entender o mundo e que ele também não me entenda. Pois é o que dá gosto ao dia. É o que me faz ser: apenas.

3 comentários:

  1. É você se crescendo humando, você se tronando igual, diferente. São as fases, é tudo estranho. Mas é tudo normal.

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  2. Somos todos monstros, todos humanos, meio que minotauros perdidos, errantes.

    Acho que acredito nisso: somos todos quimeras.

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  3. feliz ou infelizmente me vejo amadurecendo na medida em que fico mais insensível frente à algumas situações. não necessariamente insensibilidade. a coisa toda está mais relacionada à maneira como a gente administra expectativas em relação à realidade. pelo menos é o que bergman disse uma vez.

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