quarta-feira, 17 de novembro de 2010

autolove

Hoje as paredes me sufocaram. Tudo me apertou a garganta como de surpresa e faltou-me ar. E eu inventei uma razão para isso: a falta de amor. Falta de um amor físico, que tenha toque e pele. Que me mostre o frio e o calor do sangue.
    Acontece que falta alguém que queira esse coração pouco. Acontece que eu já cansei meus pés de esperar ali na esquina da padaria você passar distraído. Não aconteceu de você.
    Hoje... hoje eu joguei cartas, papéis, bilhetes. Coisas que trazia na carteira, perto de mim: uma velha aliança, umas declarações de amor, e pus tudo numa caixinha preta com bolinhas brancas. Outras eu apenas amassei e joguei no lixo, como se não falassem de sentimentos (talvez) inexistentes agora.
    Hoje eu simplesmente dormirei. E ao acordar serei de uma nova guia: autolove.
    (Que a gente às vezes se esquece de se amar um pouco e se perde pelo desejo de amor de alguéns. Não só pelo amor, às vezes pelo bem-querer, ou só por um pouco de atenção. Que a gente espera que se sinta saudade do nosso papo bom, e que diga que há saudade e que há vontade e que se chame para se conversar, para se olhar, para se rir. Por que às vezes a gente se joga no espaço de outros esperando que no mínimo haja consideração ou retribuição.)
    Hoje, eu precisei de um abraço – e utilizei de meus próprios braços para saciar a sede.

Um comentário:

vírgula