terça-feira, 23 de novembro de 2010

três mais

Ovos mexidos na mesa. Café forte na mesa. Pratos sujos na pia. Travesseiro babado. Sonhos perdidos na cama. Mutantes na vitrola. Livros no chão – espalhados derramando poesias intempestivas. Fotografias velhas no mural. Contas não pagas na estante. Sala sem TV. Sala sem sofá. Janela com cortina aberta ao balanço do vento quase frio. Cacos de vidro espalhados pelo chão.
    Roupas suas e alheias jogadas. Sujas de bebida, fedidas de cigarro. Um corpo na cama, um corpo sobre o corpo. Uma língua percorrendo um pé. Uma mão percorrendo uma coxa. Uma língua ascendendo o corpo, e os dentes mordendo a bunda. Duas bocas se tocando, duas línguas se entrelaçando, uma mão masturbando, uma mão sobre a nuca. Uma boca em um pau, uma mão em um pau, uma boca num pescoço. Uns gemidos soltos. O excesso de desejo.
    Uma boca em dois paus, uma mão em uma bunda, outra mão em um peito, outra mão em uma bunda, dentes no mamilo, uma boca com suspiros.
    Um corpo em baixo, um corpo em cima, um corpo de lado, uma boca no pau, outro pau na vagina, mãos no peito, suor escorrendo pelas costas, amor batendo no coração, desejo inerente na pele.
    E os dentes cravados nos lábios, e as unhas cravadas nas costas e o momento cravando os olhos.
    Um corpo de lado, um corpo na frente, um corpo atrás, um pau na vagina, um pau na bunda, três bocas se beijando, se mordendo. Mãos viajantes, fortes, leves. Intempestivo.
    Gato com fome na cozinha. Café frio na mesa. Sol de meio dia. Dia de meio amor.

2 comentários:

  1. As palavras foram dispostas no texto de maneira deliciosa. É possível reconstruir a cena com imaginação. Deu vontade de fazer, deu vontade de escrever... Eu só excluiria a vagina!

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