sexta-feira, 7 de outubro de 2011

perdida

A mulher que diz que não ama, apenas ama em silêncio, quieta. Coisa que é guardada em escuridão que nem os olhos a entregam. Amada, a mulher é além do próprio mundo, da fumaça tragada, da bebida que já é sangue.
    Abandonada, a mulher perde-se própria, mas a pele ainda é inteira. Os olhos imutáveis alegremente falsos mantidos como escudo que só desaparece sobre cobertores.
    A mulher couraça estanca a vida e o sangue alcoólico, vencida pelo amor que ela escreve não sentir. O que há de vir: tantos outros homens sem saudação ou despedida – aberto é seu corpo. Outra mulher instantânea para o acaso saí de casa com braço forte preparada para a morte ou o amor – e a carne.
    Essa mulher noturna é a mesma mulher que encontra o dia, mas não é aquela que se encolhe sobre o próprio corpo na solidão de toda noite.
para Cristiano

2 comentários:

  1. São tantas e é a mesma. E essa esquizofrenia acompanha o sono...

    ResponderExcluir
  2. "É feita de sombra e tanta luz
    De tanta lama e tanta cruz
    Que acha tudo natural..."

    ResponderExcluir

vírgula