sexta-feira, 23 de setembro de 2011

por causa de você

As flores que não vivem, desenfeitam a janela. A cor amarela em contraste com a poeira e o pó do que algum dia. Foi ele ir embora que tudo ficou assim. Foi ele sair que tudo desandou, na casa que era nossa, no meu corpo que era dele, nas horas que eram constantes.
    O costume que se fez nesse corpo e nessa casa. Do cotidiano do beijo de café e da mão escorregando por minha pele e pelos e o café acostumado a ferver. Até o relógio.
    Não que as estrelas do céu, mas da janela de flores desenfeitadas há uma desorganização dos corpos brilhantes. Não que as estrelas do céu, porque o mundo não era acostumado a você e sim eu, que sabia de tua cor quando te espreguiçavas. Eu aqui a lamentar às paredes. Só quando tu passar pela frente dessa ainda nossa casa é que as flores desenfeitantes te contarão.
    Não lavei o lençol para ainda ter teu cheiro.
    E quando as flores desenfeitáveis te fizerem entrar de novo em nossa casa: invada-a, meu bem. Tranque as saídas, as entradas, as feridas. Que nenhum mundo mal te levará outra vez. Abraçar-te-ei simplesmente, beijar-te-ei simplesmente. Sem palavras do passado, sem lágrimas pelos olhos. Como se o mundo não tivesse amanhecido ou anoitecido. Como se não houvesse o que foi tristeza – adentre-me.

5 comentários:

  1. Bonito convite, bonitas imagens. Logo no começo, eu me veio na lembrança Como Esquecer, um filme com Ana Paula Arósio...

    ResponderExcluir
  2. Lindo texto, sutileza que só você consegue.
    E o filme que Darlan é realmente muito lindo. Casa com tudo.

    ResponderExcluir
  3. ''Não lavei o lençol para ainda ter teu cheiro.''
    Lindo! Continua a escrever lindamente, docemente, sem medo de se mostrar... =)

    ResponderExcluir
  4. A gente só espera acontecer de novo e que seja eterno.

    Um beijo

    ResponderExcluir
  5. gosto desse teu minimalismo poético. é uma leitura vagarosa em que se tem de devorar cada frase independentemente.

    ResponderExcluir

vírgula