sábado, 10 de dezembro de 2011

quebrante

Era novembro e algo no coração.
No coração de quem se não fosse o dele. No novembro qual se não fosse esse. Por ser primavera, novembro se torna em flor mais singelo.
Quanto amor ainda existe nesses olhos que permeiam a escuridão-meia do quarto. Já são tantas as horas da noite. Sobre seu peito repousa o homem que o ama; a barba e seus pelos, a boca e sua pele. Sobre ele inteiro repousa uns sonhos amarelos.
A orquídea na janela entreaberta roxea todo o quarto iluminado pelo abajur. Mas o cheiro é de livros de poesias, de poetas – de coração. Tudo se respira em espaços minúsculos: seu pulmão é um vácuo que se inebria facilmente. Ou as cores da falsa Frida Kahlo. As paredes rebocadas recentemente, outras roupas espalhadas pelo chão. Seu coração sustenta a batida. Sobre seu coração: a contração.
Se a folha da orquídea cair no chão será de um silêncio tão íntimo que será mais seu do que da própria flor. Se a pétala da orquídea cair, será de uma lágrima.
Ele se quebra em devaneios, contorce a coluna, relaxa o contraído e solta todo o físico. O corpo sobre si é solto agora, por instantes. Se há fuga, ele não percebe. Mas quando retoma seu contorno em volta ao corpo do que fora bem-amado, já não é amor inteiro o que o suor da pele alheia exala.
Resta-lhe seu próprio corpo (sua própria pele úmida), o anti-amor, fechar seus olhos, a cor escura da noite.

- que nasceu em novembro, mas aflorou em seguinte.

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vírgula