quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

adorno


Como se teu beijo derretesse o mundo. Eu enlaço teu corpo nu com meus braços e enfeito minha pele de tua cor de aquarela. Mas teus cabelos estão postos ao vento, feito nuvem de sol. Como se teu beijo derretesse o próprio calor.
Ofegante, é o céu avermelhado que encobre pensamentos e a vista – em distúrbio agudo. Não sei que horas são e a madrugada consome sob trinta e nove graus o que resiste à temperatura. Eu resisto ao estado, em mente e pele; persisto ao segundo que tende a evaporar-se ao movimento do olho que pisca. Pisco e me visto de passado do piscar seguinte onde já estarei despido. Assim como prevejo minha mão em deslize por tuas costas.
Meus movimentos são condensados, mínimos e irreversíveis. E você parece estar plena sob os lençóis perfumados e tingidos de carmim nessa primavera sem flores, mas que floreia em minha boca.

sobre ilustração de Guto Stresser

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