Como se teu
beijo derretesse o mundo. Eu enlaço teu corpo nu com meus braços e enfeito
minha pele de tua cor de aquarela. Mas teus cabelos estão postos ao vento,
feito nuvem de sol. Como se teu beijo derretesse o próprio calor.
Ofegante, é o
céu avermelhado que encobre pensamentos e a vista – em distúrbio agudo. Não sei
que horas são e a madrugada consome sob trinta e nove graus o que resiste à
temperatura. Eu resisto ao estado, em mente e pele; persisto ao segundo que
tende a evaporar-se ao movimento do olho que pisca. Pisco e me visto de passado
do piscar seguinte onde já estarei despido. Assim como prevejo minha mão em
deslize por tuas costas.
Meus
movimentos são condensados, mínimos e irreversíveis. E você parece estar plena
sob os lençóis perfumados e tingidos de carmim nessa primavera sem flores, mas
que floreia em minha boca.
sobre ilustração de Guto Stresser
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