terça-feira, 28 de setembro de 2010

ela ele fim

Ela estava em pé, com o rosto inteiro molhado de lágrimas sob aquele mormaço do começo de verão dentro de uma cidade que não era sua. Ele apenas se levantou, pagou o almoço e “seja feliz e passe bem”.
    Ele a chamou para almoçar. Haviam discutido na noite anterior sobre planos e cores de flores. E os lençóis ficaram insuportáveis naquela noite. Ela saiu para o trabalho antes que ele acordasse para não o ver. No meio da aula, ela desconcentrada pelo acontecido da noite anterior, recebeu a ligação dele para um almoço quase cotidiano num restaurante habitual. Era a mesma comida habitual e o mesmo vinho cotidiano. Ela tinha uma felicidade de reconciliação como de sempre. Ele tinha a normalidade de sua vida nos olhos. Na segunda taça de vinho ela estava entregue. Ele apenas disse que ia. O vinho lhe cortou a garganta e sem querer quebrou um pedaço da taça na sua boca.
    Seus olhos fixos nos dele e sua língua fixa no vidro e o sangue misturado ao vinho.
    Ela sentada engoliu o sangue e o choro. A cidade era um pouco sua. Ele apenas se levantou, pagou o almoço e “seja feliz e passe bem”.

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vírgula