segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

virgínia

    Virgínia, que era perdida, disse: “eu te amo.”
    Otávio, que era pleno: “que te amo também.”
    Mas eles eram distantes, em espaço. Ele que era de lá, ela que era dali. Mas eram íntimos. Sabiam que eram isso.
    E Otávio precisou voltar de onde veio, e lá havia quem lhe fosse mais perto, mas não mais íntimo. E havia quem quisesse lhe ser mais íntimo. Mas as possibilidades, que Otávio se deixaria pelas possibilidades.
    Virgínia esperava que Otávio pedisse para que ela largasse tudo e se jogasse ao mundo, se jogasse a ele. Mas Otávio apenas soltou-lhe a mão. E talvez Otávio esperasse que Virgínia mesma se soltasse, ou que também, ela lhe segurasse a mão mais forte e lhe puxasse pra perto de si para o sempre que há. Mas Virgínia apenas soltou-lhe a mão.
    Virgínia que chorava sob a pele, sorriu de consolação e Otávio guardou-lhe o sorriso.
    Eles nunca mais foram os mesmos de si.
    Acalma-se, coisa tua.

8 comentários:

  1. Que coisa mais linda e diferente.
    Adorei o post *-*

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  2. Uau Bruno, me surpreendeu!
    Adorei a narrativa, o joguinho de palavras, o enredo em si, a construção dos personagens... Parabéns, parabéns!

    @garotodasletras

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  3. A gente fica sempre esperando do outro o que a gente mesmo tem que fazer.

    Belo post, adorei mesmo.

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  4. Poxa. =(
    Já pode chorar comendo uma panela de brigadeiro?
    Espero que não seja sempre assim. =/

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vírgula