quinta-feira, 10 de março de 2011

beirando

Ela acordou e o mar beirava seus pés cansados. Ainda era noite, maré cheia, ondas violentas. Seu vestido cor-de-vento molhado. Se a cidade estende-se em luz e as pessoas que na noite se encontram, o mar é escuro de si mesmo.
    Refletido em seus olhos castanhos, aquele mar revolto das horas que ela não podia controlar. Adentrava-se a noite e crescia-se o desconhecido. Da condição de se manter viva não sobrava mais vestígios. Ela inteira despedaçada, e a noite fria. Sargaço enfeitava sua pele.
    O mar acordou e ela beirava suas águas revoltas. Qual noite de engolir vidas incontroláveis: engolia pausadamente aquela vida caída em suas ondas.
    Quem dera o mar a engolisse como ela quer engolir o mar.
    Beira mar.
    Quem dera as águas preenchessem seu corpo de vida.

Um comentário:

  1. Nossa, achei lindo e envolvente, parabéns..
    " Quem dera o mar a engolisse como ela quer engolir o mar.
    Beira mar.
    Quem dera as águas preenchessem seu corpo de vida."

    Sei lá o que dizer ao certo, só sei dizer que gostei.

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vírgula