terça-feira, 19 de abril de 2011

[des]acreditar

Eu me perdi, e perder ainda não foi caminho, Clarice. Talvez ele esteja longe ainda, ou hoje pareceu mais perto. Custo a acreditar em você, Clarice. Eu quero acreditar. Talvez eu acredite.
    Eu não acredito direito, mas meio desacredito.
   Olha essas paredes: já me enjoaram. O céu deveria parecer diferente, essas nuvens que parecem cinza deveriam desobstruir o sol, e levar esse ar estagnado junto. Minhas mãos não deveriam estar aqui, meus pés sobre outro chão, não deveria escutar as mesmas vozes. Não deveria estar dormindo tão só.
    Eu não acredito e não desacredito.
    Apenas parado. Cansado dos ossos, da pele, cansado de estar e não ser.
    Eu não desacredito e não acredito.

2 comentários:

  1. Não acreditar, penso, é descaminho. O que nos segura além da fé? Seja fé em coisa qualquer...

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  2. Meio termo seria uma alternativa, mais o que nos move é CRER por mais que seja mentira.

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