quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

cirandeira

No primeiro passo eu olhava para o céu. No segundo, eu olhava o mar. No terceiro, eu olhei o chão e vi teus pés a cirandar. E os cabelos avoando com o vento que te abria o sorriso inteiro. Quase quebrei a ciranda quando me perdi em tu, mas meu coração logo se recobrou e pegou o passo e os pés se guiaram.
E fui pulando de mão em mão até chegar as tuas e segurá-las com a vontade de não soltar mais nunca. E descobri a cor de teus olhos quando eles me fitaram instantaneamente ao aperto das mãos. Tão negros quantos teus cabelos e tua pele reluzente ao sol. Tão negros que me perdi novamente, mas meu coração continuou ali, no batuque da zabumba, nos teus pés descalços, no sacudido do ganzá.
Já você não percebeu que minha mão queria amarrar-se à tua. E teus olhos voltaram para o mesmo estado de rodar e sorrir. Mas não há aperreação se o que me vale é o que contenho, mesmo que recém-nascido e que ainda precise de todo acalanto.
Eu que cuide do que me nasce. Você que cuide do que lhe nascer quando me aperceber no espaço de coração.
E vou rezando para que essa ciranda não acabe e meus dedos percam o instante dos teus.

Um comentário:

  1. Desses momentos que a gente para pra ler e se percebe dentro do texto, vendo tudo, se emocionando. Lindo <3

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