segunda-feira, 20 de junho de 2011

o príncipe e o moinho

O príncipe com seu coração armado continuou seguindo pela estrada perdida. Livrou-se da coroa que lhe pesava e das roupas cheias e coloridas. Quem por ele passava ainda o reconhecia como príncipe pelo seu sorriso tímido e muito que lhe fechava os olhos calmos. Ele sabia que a estrada era perdida, mas era guiado pelo coração e era isso que lhe fazia ser príncipe.
   Até a estrada perdida se perdia na própria poeira, e o príncipe caminhando perdia o seu sorriso a cada grão de areia. A poeira tomou-lhe os olhos, qual amor tomou-lhe um dia; cobriu-lhe os cabelos e as roupas já monocromáticas – deserto. A estrada agora era quase deserta, poucas vivas-almas passavam por ali.
    A poeira ainda mais densa comeu-lhe os olhos.
    E quem passava por lá, avistava o príncipe seguindo pela beira da estrada. Mas ninguém o diria príncipe mais, era agora o louco que seguia um destino sonhado pela estrada perdida. O que lhe fazia príncipe por fora não existia mais e só por dentro lhe sobrou o príncipe que um dia fora. Precisava-se adentrar sua pele de sol para perceber-lhe príncipe ainda. Mas ninguém tinha coragem sequer de olhar em seus olhos, dito esse homem louco, quanto mais tocar-lhe.
    Só ele sabe o príncipe que foi.

Um comentário:

vírgula