quinta-feira, 16 de junho de 2011

segundo moinho

Eles não podiam fingir que não se amavam mais, mas não podiam disfarçar que algo havia acontecido. O lençol manchado de esquecimento. Não foi desamor.
    Quando ele chegou em casa encontrou João em braços que não eram seus. Tantas perguntas cabíveis ali (de porque, de quem, de como) e a única coisa que queria era conseguir apagar aquela imagem da cabeça: o corpo do homem que amava entregue a um estranho qualquer, talvez, nem merecedor de um beijo de piedade.
    Mas esquecer não é fácil, se tal fosse, ele se esqueceria de si mesmo, porque nele há o sentimento que o atormenta quando não é satisfeito. Ele se esqueceria desse sentimento suplicante por respirar. E ao cair na cama ele havia esquecido como dormir.
    Ele quis tanto perder seus olhos.

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