terça-feira, 21 de dezembro de 2010

adentre

Pierre Verger - carnaval de 1950
Entre as pedras de mar obscuro e confuso de meu pensamento, eu passeio quase sempre esbarrando nas paredes, machucando, mas querendo chegar, onde. Depósitos de concreto nas veias cavas: vômitos de minha não-lucidez. Foi quando te disse coisas herméticas, por favor, não as crie. Afogue-as como faço às vezes comigo mesmo, como aqui.
    Não se segure em meus braços, disse-me eu.
    Sou eu nau que afunda coberto de sol, perdido em coisa. Sou perdido do mundo, sou estrangeiro daqui, pertencente apenas a mim. É o que sei e o que não quero saber.
    Apague-me a memória para que eu apenas lembre os sorrisos, por favor, não quero lembrar do reboco caindo e de quando eu morri. Apague-me de mim que sou terrível e não me quero. Ou talvez me queira, então não leve em consideração.
    Se gasta tempo para se sustentar. Equilibrando-se no chão descalço, que há medo de cair e de sangrar. Pior, se infectar desse sangue ralo, profundamente vazio de coisa própria.
    Entender minha carne fraca, minhas máscara de felicidade, minha cama vazia. Olha que horas são e eu não me entendo (mas o pior foi ouvir que não me entendes). Olha que horas são essas de se dançar. Não são horas de se dançar. Eu paro de fechar os olhos.
    Minha casa suja de lama. Logo agora que estou mais íntimo, mais meu.

3 comentários:

  1. POIS É O SER HUMANO NUNCA SE ENTENDE E SEM FALAR QUE NUNCA ESTÁ SATISFEITO, VIVE NUM TURBILHÃO DE MUDANÇAS PROCURANDO SE ENCONTRAR!!

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  2. Gosto de seu blog, suas postagens são bastante curiosas!!!

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  3. Descobri-se, essa que achamos que nos "ACHAMOS" e no final nos perdemos ainda mais.

    Um beijo querido.

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