segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

o príncipe e o amado


E correndo montado em um cavalo completamente negro, cortava os carros estacionados na rua recém pavimenta. Ainda era dia, o calor se fazia. O príncipe montava como um cavaleiro pela rua que acabava em um campo, e no fim do campo: o castelo de seu amado.
    O que não era mais bonito que o céu pintado pelo arco-íris leve, quase que invisível. O campo tinha flores roxas e amarelas, e vermelhas. Mas a roupa do príncipe, que roupa, a roupa não importava. Pouco importava. Seu all star era vermelho.
    Na verdade o príncipe cruzou estados e meses pra chegar ali. Ele veio atrás de seu amado que há muito tempo não via.
    As laranjeiras já eram em flor nessa época.
    Qual vento forte.
   O castelo com seus tijolos aparentes, crianças brincavam na frente. O príncipe bateu na porta e gritou por seu amado. Gritou seu nome e o vento tratou de levar o grito até o alto da torre onde ele estava. O amado o olhou pela janela do alto da torre, um olhar de por que. E o príncipe estampava um sorriso bobo.
    O amado desceu a torre e à porta disse: “Vá embora, por que eu, eu amo quem não é você.” E fechou a porta, frio. O príncipe olhou a porta por um infinito minuto, achava que era tudo uma brincadeira e que a porta se abriria daqui a um instante inesperado. E a porta de madeira cheia de cupins. E os passos do amado subindo a escadaria da torre.
    O príncipe sentou-se no degrau da porta do castelo. Enquanto a noite chegava e a lua era cheia. Ele estava cansado. E no brilho de uma estrela cadente montou seu cavalo e seguiu sem rumo (pois o rumo que tinha, o único rumo que tinha era o do coração de seu amado).
    O príncipe chora a cada lua cheia e come apenas pétalas de laranjeira. Talvez hoje ele seja apenas um espírito, talvez ele caiba no coração de alguém.
    Mas seus olhos são tão bonitos.

2 comentários:

  1. O rumo que a gente segue nem sempre é o certo, mas é o mais bonito.

    Também achei os olhos dele bonitos

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  2. Que lindo isso... que dor que deu... que coisa gostosa, mesmo que dolorida...

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vírgula