Naquela
noite o bairro da Boa Vista ficou sem energia. Um apagão repentino.
Edith tinha medo do escuro. Tinha medo não do escuro em si, mas do que
ele pode trazer de si mesma. Já bastava o escuro das suas imperfeições.
Já bastavam suas indecisões. Procurou desesperadamente as velas no
balcão da cozinha, mas apenas achou o resto de uma e a acendeu rápido.
Era meia luz. E isso não trazia muita segurança. Taquicárdica, ela ligou
para ele para que viesse até a sua casa lhe fazer companhia. Mas ele
não atendeu. Como, se sempre que ela precisava dele, ele estava ali:
pronto, atento, amado? Como pode sumir? Ela chorou, enquanto o resto da
vela se apagava. A escuridão era íntima e real. Onde estaria ele e seus
olhos de amor?
“Bê,
Há um dia
A gente sempre espera algo, o problema é esse.
ResponderExcluirEla não poderia ver nada no escuro! Nem o que ela não pode esperar.
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