sábado, 4 de junho de 2011

sob a pele

Dona Orelia Martins em "Sertão Sem Fim" de Araquém Alcântara (2010)
As rugas não são apenas lembranças do tempo, são vestígios de dor, de sofrimento, marcas de desilusões guardadas e engolidas e digeridas em silêncio. Do rosto ao coração. Os olhos envoltos, as mãos denunciam: trêmulas. Menos fortes. As rugas e a pele flácida.
    É o fim da beleza para alguns ou o início de outra beleza para uns. As rugas são a beleza da velhice, pois quem não é belo assim é feio esticado, reconstruído, mascarado. É a experiência às vezes cega, às vezes sabedora. É o cansaço de viver. Um sonho não realizado, o amor abandonado pelo beijo não roubado deixado para trás, os tempos difíceis. A pouca visão de olhos mais secos. 
    O tempo que às vezes ajuda a deteriorar a mente que semana passada era sã e hoje impede de levantar da cama.
    São os cabelos brancos tão vivos sob o sol.

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vírgula